Li outro dia uma frase atribuída a John Piper em
que ele diz que escatologicamente a grande função das redes sociais será
provar ao chegarmos diante de Deus que todos tivemos tempo para orar e
não o fizemos. Curiosa e verdadeira a sua afirmação. Não adianta
dizermos que não temos tempo para trocar uma ideia com nosso Pai se
passamos uma a duas horas por dia no twitter ou no Facebook. Não sejamos
hipócritas: a maioria dos cristãos que não oram o faz por pura preguiça
ou porque prioriza outras coisas: Internet, o seriado predileto, o jogo
de futebol ou mesmo o(a) namorado(a).
Mas há aqueles que até gostariam de orar, querem muito se disciplinar
nisso mas se perdem nas orações, o pensamento viaja, não sabem o que
dizer e uma série de outras questões. “Como devo orar?”, se perguntam. A
verdade é que há inúmeras maneiras corretas de praticar o religare com o
Pai. Mas vou deixar aqui, a título de sugestão para quem tem
dificuldades, o modo que adotei para mim. Pode ser que ajude ou pelo
menos lance uma luz que te aponte caminhos.
Que fique claro que oração não é uma obrigação
ou um meio de se conseguir algo: é privilégio. Concedido a nós por amor.
Então, ao erguermos nosso pensamento a Ele (de joelhos, sentados, em pé
ou plantando bananeira) devemos saber que grande honra e que enorme
preço de Cruz foi pago para termos esse direito.
A ideia é orar primeiro pelos ligados a sua pessoa: sua vida espiritual, sua vida familiar,
sua vida profissional, sua saúde. E assim por diante. Depois vem a sua familia: O
seu cônjuge, o seu pai, sua mãe, seu filho. E assim vai.
Depois, quando tiver orado por você e sua familia, mais externamente vêm
círculos ligados à igreja local . São os pastores, os
departamentos infantis, a escola bíblica. E assim por diante.
Quando terminar com a igreja local, vêm os círculos
da sua denominação. Ore pelas lideranças. Os conselhos. Os sínodos, os
presbitérios ou aquilo que for pertinente ao grupo de fé que você
frequenta. Tendo orado por você, sua familia, sua igreja local e sua
denominação, passe para os círculos mais amplos: sua cidade. Aí você ora
pelos governantes, pela violência etc. Passe em seguida para seu
estado. Depois para a nação, com oração pela presidente, os
congressistas e por aí segue. O círculo seguinte é o mundo. Ore pelas
guerras, pelos conflitos, pelos países onde há perseguição religiosa e
assim vai.
Até aqui foram as orações que você costumeiramente faz. Ou seja:
aquilo que sempre está presente a cada vez que você fala com o Pai.
Depois disso tudo, nos círculos mais externos estão os pedidos de
oração. É hora de pegar o caderno onde você anotou a solicitação
daqueles a quem prometeu oração e vá de um a um. São as intercessões que
você prometeu àquele irmão (“vou orar por você”) ou atendendo a
pedidos, pessoas que estão doentes e por aí vai. Em resumo, são as
orações que você fará por um tempo determinado.
Por fim, quando terminar tudo, é muito agradável tirar um momento de
louvor a Deus, de agradecimento pelas respostas que virão, de declaração
de amor, de ação de graças… simplesmente agradeça. É um momento mais livre, de se derramar e se
deleitar na presença do Criador.
Meu irmão, minha irmã, se você diz que só consegue orar dois minutos,
porque não tem assunto na oração ou qualquer desculpa parecida, pode
ter certeza de que dificilmente usando essa forma de orar você vai
conseguir cumprir todos os “círculos” em menos de meia hora. O mais
provável é que leve no mínimo uma hora. Às vezes, dependendo da
quantidade de pessoas por quem você vai orar, quando você se dá conta
orou por mais tempo do que dura um jogo de futebol.
E entenda, não é uma questão do tempo que se gasta. É possível fazer
uma oração profunda e que toque o coração de Deus em dez segundos.
Quantas não foram as vezes em que orei apenas com lágrimas ou gemidos. E
tenho certeza que Deus entendeu e recebeu perfeitamente meu clamor. Mas
se você conseguir organizar-se a ponto de elevar sua voz ao Céu em
favor de tudo isso, de toda essa gente, de todas as necessidades,
certamente vai demandar um bom tempo percorrer do primeiro ao último
círculo. Isto é: o tempo não é a causa (“tenho que orar uma hora todo
dia!”, como alguns pensam), mas a consequência (“tenho tanto pelo que
interceder que vou levar um bom tempo”, isso sim).
Que os seus momentos com Deus sejam agradáveis. Que você consiga
sentir o deleite e o gozo de estar em Sua presença. Que você entenda que
não é obrigado a orar, mas que orar é um dos grandes e mais lindos
privilégios do cristão: é entrar na presença do Todo-Poderoso, do
Altíssimo Criador de todas as galáxias do universo, poder sorrir para
Ele e dizer: “Pai…”.
Autor: Mauricio Zagari